De
acordo com a Associação Comercial de São Paulo, através do “impostômetro”, nós
brasileiros e brasileiras pagamos nos dois primeiros meses desse ano de 2017 a
quantia de R$ 400 bilhões em impostos, incluindo governo federal, estaduais e municipais.
Se
fizermos a projeção, com base nesse valor, para o ano de 2017 chegaremos a um
total de R$ 2,4 trilhões!!!
A
nossa imensa indignação é que a maior parte desse dinheiro paga por nós, ao
invés de retornar com benefícios para a população brasileira, vai parar nas mãos
de corruptos de nossa administração ou se perde na má administração, sem
responsáveis técnicos capacitados, e sim políticos e respectivos conchavos, na
maioria das vezes visando a manutenção desse podre poder.
O
Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário nos mostra que o Brasil é o
pior país do mundo em se considerando o retorno oferecido ao serviço público.
Lembro-me
que em visita a alguns países do norte europeu o que me impressionou muito é
que não existe carreira política. Ou seja, o cidadão/cidadã se candidata e uma
vez eleito permanece no poder com o compromisso de cumprir as promessas de
campanha que o elegeu. Se isso não ocorrer, de acordo com a constituição local,
fica sujeito a perda de mandato.
Assim
penso que, entre outras mudanças, seria preciso acabar com a carreira política
no Brasil. O candidato a deputado – federal, estadual, municipal – a senador, e
todos os outros cargos políticos, permaneceriam no poder apenas até o fim do
mandato a que foi eleito. E na próxima eleição ficaria sujeito a avaliação de
sua administração pela população.
Dentro
deste contexto, penso também que seria importante acabar com as composições
partidárias. Ou seja, cada partido político teria sua plataforma e uma vez seu
candidato eleito não haveria composição partidária para sua manutenção no
poder.
João Cruz Costa, em seu livro “Uma
Contribuição à História das Idéias no Brasil” (Editora José Olympio, 1954), diz
que a questão institucional no Brasil remonta aos anos 1500. Em seu pensamento,
o Brasil, desde sempre, se vê envolto nessa mesmice de “as instituições
brasileiras não dão cabo de sua realidade”.
Em seu esforço de compreensão dessas
dificuldades, conjectura se elas não seriam consequência das razões de nossa
origem brasileira, ou seja, pelo fato da fundação de nossa nacionalidade ter
sido cunhada sob a égide de fatores
puramente mercadológicos.
Cita como exemplo, a própria designação de
nossa nacionalidade (Brasil, brasileiros, brasileiras), que, a seu ver, tem
raízes em aspectos comerciais, a saber, o pau-brasil, de alto valor comercial à
época de nossa fundação.
Essa realidade que nos conta Cruz Costa,
agudiza-se à medida que avançamos em nossa história. Ou por motivos internos de
nossa própria existência, ou por fatores exógenos à nossa cultura.
No caso desta última, os intercâmbios
culturais e comerciais, possibilitados pela rapidíssima evolução das
comunicações, acentuaram a influência do “estrangeiro” no nosso dia-a-dia,
contribuindo sobremaneira para nos afastar cada vez mais do “institucional”.
A noção de instituição, em seu significado
prático de dar conta de nosso coletivo, nas suas mais variadas formas (Governo,
Política, Trabalho, Segurança, Cidadania), continuou absolutamente enfraquecida
até os dias de hoje.
Concluindo,
e parafraseando Olavo Bilac, “não verás nenhum país como este! ”.
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Julio Tannus é consultor em estudos e pesquisa aplicada, co-autor do
livro “Teoria e Prática da Pesquisa Aplicada” (Editora Elsevier), autor do
livro “Razão e Emoção” (Scortecci Editora)
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